Publicação na revista especializada “Scientific Reports”, do grupo Nature Research, gera polêmica no meio científico. Artigo cogita a possibilidade de o cruzamento entre diferentes espécies do mosquito Aedes aegypti na tentativa de controlar a transmissão de dengue, febre amarela, zika e chikungunya pode ter criado um “supermosquito”.
Estudo feito pela empresa britânica Oxitec entre junho de 2013 e setembro de 2015 liberou cerca de 450 mil animais machos geneticamente modificados (OX513A), por semana, na cidade de Jacobina, na Bahia. Na época, o parecer técnico com a autorização foi emitido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Os animais modificados com tecnologia desenvolvida em 2002 no Reino Unido e foram projetados para que a primeira geração de mosquitos não alcançasse a fase adulta e não pudesse se reproduzir. O experimento na Bahia tinha expectativa de reduzir a população de mosquitos selvagens em 85% – que funcionou durante o teste de campo. Contudo, a população de mosquitos voltou a crescer 18 meses após o fim do experimento, segundo o estudo da “Scientific Reports”. Aparentemente, as alterações genéticas de mosquitos transgênicos foram transferidas para a população selvagem de insetos. Conforme o artigo, os testes em Jacobina podem ter criado uma geração de mosquitos mais resistentes.
O estudo mostrou que, mesmo em bairros onde não houve liberação do Aedes modificado, foram encontrados animais com genomas mistos. “Além disso, a introgressão (transmissão de genes entre espécies) pode introduzir outros genes relevantes, como a resistência a inseticidas (...). Os resultados demonstram a importância de se ter um programa de monitoramento genético durante a liberação de organismos transgênicos para detectar consequências imprevistas”, diz o artigo.
Mosquitos modificados foram testados também em outros quatro municípios brasileiros: Juazeiro, na Bahia; Piracicaba e Indaiatuba, em São Paulo, e Juiz de Fora, em Minas Gerais.
*Com informações do jornal O Tempo